sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

SOU MENINA MULHER

     Numa manhã de recomeços, reencontro a menina que há em mim. Pelas peripécias que me permito sou crucificada e exposta ao público. Fazer o quê? aceitar a crítica e o dedo em riste, rir daqueles que apontam e ridicularizam? ou apenas ser, em sua plenitude quem sou, uma mulher que ainda permite-se sorrir e brincar como menina?
     A vida nos proporciona equívocos, nos leva a ações precipitadas pela simples alegria da inocência, pela doce ação sem pensar, pela brincadeira lúdica ou ainda pelo olhar intrépido de quem ler o mundo de forma simples, sem buscar segundas intenções. Mas se sou julgada, condenada e exposta por ser assim, o que fazer?
     Nada, deixa a poeira do tempo mostrar a verdade da menina, a doçura da inocência, a alegria de ser quem é. Não vou buscar intenções no acusador, não vou abrir minh'alma ao rancor, a raiva, muito menos a dor. Sou quem sou. E se a alegria de menina ofende quem só olha e espera a mulher, fazer o quê? 
      Esperar que as páginas da vida mostrem cores aos dias destas pessoas, toquem melodias as suas almas a fim de que seus olhos possam ver a inocência do riso; que seus dedos, em vez de apontar as meninas do mundo, toquem a grama da natureza, deslizem ao som dos instrumentos da alegria, acariciem a doçura da infância.
       Sou menina que ri, que brinca e que procura nos mistérios da vida, as ações e pensamentos sem segundas intenções, com o mais claro olhar da curiosidade infantil. A maldade das ações e pensamentos dos outros às vezes me fere, mas tento evitar que me maculem. Sou menina mulher. 
 DUCI MEDEIROS