domingo, 20 de julho de 2014

LUTO

Esta semana as letras brasileiras estão de luto.
Nossa literatura perdeu três mestres da pena,
Almas iluminadas pelas palavras,
Brasileiros abençoados pelo pensamento lúdico.

Ficamos órfãos do Sorriso do lagarto,
Lagarto que fez viver o povo brasileiro.
Ubaldo Ribeiro nos deixa um dia
Sem sua brasilidade e criticidade.

Em outro alvorecer ficamos
Sem um teólogo, educador, cronista e romancista
Rubem Alves nos deixa sem o seu filosofar
Sem sua crônica e arte de falar.

Num entardecer o céu de Pernambuco chora
A natureza do sertão fica molhada de lágrimas
O nordeste, o Brasil e o mundo ficam órfãos de causos
Sem a força do agreste falar de Ariano.

Hoje a língua portuguesa fica mais pobre,
A literatura menos genial,
Mas o consolo é que o panteão de "penas" brasileiras
Cresce no céu e nos ilumina e inspira.

Os lenços balançam, as folhas em branco,
As penas caídas e uma lágrima reprimida,
Sentida e solitária molha o vazio do papel.

Nós, professores, poetas e povo mais pobres nos sentimos,
Solitários e com menos inspiração para a palavra.
Que o lápis caia, que a folha no vazio se perca,
Que o luto da língua se faça.
DUCI MEDEIROS

quinta-feira, 10 de julho de 2014

SOU SEMENTE

As ações femininas são os melhores intérpretes de seus pensamentos,
Mas suas reações são denúncia de seus sofrimentos.
As folhas secas dos traumas cobrem o caminho das recordações,
Enquanto os erros são os portais da descoberta e do renascimento.

A dor é um pesadelo do qual tento despertar.
Deus fez o alimento da alma
E o diabo acrescentou o tempero das sensações do corpo.

A fé é as pegadas pela noite escura,
A caminhada sem chão,
O olhar para o dia de amanhã com a certeza da indefinição,
Tudo isso que sustenta a alma incerta.

Já a paixão que turva os sentidos,
Esconde a razão pela bruma da emoção.
Eu, mulher inquieta, apego-me ao aqui, agora,
Onde todo o futuro emerge em promessa.

Deus, Tu és para mim uma janela para as emoções,
Sem ti sou árida, infértil e nada produzo.
Tu és o alicerce do meu chão
E o teto de minha alma.

A certeza do aqui se faz no olhar contemplativo para tua criação,
0 passado é apenas agradecimento e aprendizagem
E a confiança no amanhã é um ato de fé.

Sou a semente da incerteza
Broto da fé.
Enquanto Tu és o alimento que dá vida a alma e força ao corpo.

Para continuar respirando e  acreditando em mudança.

A vida é a terra da aprendizagem
O conhecimento germina
Quando nós temos a coragem de agir,
Sofrendo ou sorrindo, mas vivendo.
 DUCI MEDEIROS

terça-feira, 8 de julho de 2014

CAIR OU FICAR EM PÉ?


Enquanto minha alma chora
Minha face sorri.
Enquanto meu espírito sangra
Meu corpo ora.
De que adianta derramar lágrimas?
Provocar piedade, tristeza...
Prefiro que me achem louca
Insensível com o corpo,
Enquanto a alma dilacerada
Pede, clama por Deus.
Mas os homens não precisam ver minha dor
Deus sabe o que e onde eu sinto.
Aqueles que esperam ver-me cair
Vão ter que me olhar permanecer inteira
Pois para não cair eu ajudo os outros a levantar-se.
Meu espírito curva-se silencioso diante de Deus,
Mas meu corpo continua firme e forte na luta.

DUCI MEDEIROS