segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

TEMPO

Em física tempo é grandeza
Einstein disse que tempo é uma ilusão
"Passado, presente e futuro não passam de uma firme e persistente ilusão".
Tempo é humano porque todos somos capazes de reconhecer, ordenar sua passagem.
Para  o  filósofo Kant, o tempo é uma das formas da sensibilidade.
Sentimos, por ISSO ele existe.
Para Clarice Lispector tempo é o instante já
Para Fernando Pessoa "o passado é tudo que não consegui ser"
Para todos há um virar de página e a história continua.
Tempo é relativo
Diz a eternidade de lábios selados
Diz o inquieto a porta do toalete
Tempo é eternidade na memória
De momentos digeridos ao leito com o amante
De milênios na observação de uma gargalhada infantil
Do sereno olhar da sabedoria de um ancião
Da cálida paciência do abrir das pétalas da rosa
Suave sorriso nos acolhe ante a eternidade da alvorada.
Silenciamos a alma ante um entardecer de lua cheia.
De um estar passivo e quieto ante um filho adormecido
Inquieto e consumindo as entranhas ante um telefone silencioso.
Mas o tempo é maior,
Maior que eu e que você.
Sou pequena diante da eternidade do instante.
Não, tempo, não zombarás de minhas mudanças
Não serás carrasco dos meus sentimentos
Não matarás meus sonhos
Vivo, o aqui e o agora
Bebo cada segundo gota a gota
Sinto cada instante que passa
Engulo a dor da perda do que não foi
Acaricio o momento seguinte
Com a ânsia do faminto ante um prato de guloseimas
Depois de um dia de sorrisos
Lambo os lábios da doçura da saudade pelo tempo bem vivido.
Este é o tempo
Maior que eu
Uma eternidade em meu olhar...
DUCI MEDEIROS

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A LUA FAZ A PAIXÃO AMAR

A lua trouxe você
Com luz e fantasia
Romance e alegria
A paixão retornou ao meu luar.

Vamos fazer companhia ao luar
Enfeitar o anoitecer
Esquentar o amanhecer.

Amor, venha que a hora passa
O dia vai amanhecer
E vou ficar sem você.

Em sua companhia
Só vejo horas de alegria
Paixão e ternura
Ficas aqui e não na rua.

Aqui em meu leito
Forrado com carinho
envolvido em luar
Só para nosso amar.

A lua veio fazer companhia
Fazendo nosso calor brilhar
A emoção vibrar
E a paixão amar.
DUCI MEDEIROS

CABELO DE OURO

PELO SORRISO SINCERO
PELAS MADEIXAS DOURADAS
MESMO COM GALINHA PINTADINHA
VOCÊ É UMA GRACINHA.

QUANDO TU PASSAS
CHEIA DE GRAÇA
SAMBANDO OU FORROZANDO
VOCÊ É MASSA.

GALEGA, NO CORREDOR OU NA SALA
OS ALUNOS, PARA TI FAZEM GRAÇA
OS COLEGAS, CONTIGO FAZEM PRAÇA
MAS AMIGOS POR TI GANHAM RAÇA.

FORTE E DELICADA
COM ENERGIA E CANDURA
GALEGA, VOCÊ É TERNURA.

MENINA  COM TRAVESSURA
MULHER COM FIRMEZA
GALEGA, VOCÊ É VOCÊ, COM CERTEZA.
DUCI MEDEIROS

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A LIÇÃO DA PORTA

Uma amiga muito querida, com a sabedoria e a graça que só as pessoas especiais têm, desenhou com o amor, beleza e doçura, utilizando um simples alfabeto, palavras lindas que compartilho agora.

A PORTA CONTINUA A OBSERVAR O MUNDO
PESSOAS...
UMAS VÊM COM AR DE CANSADAS
OUTRAS ESTÃO PENSATIVAS
HÁ QUEM ,APRESSADAMENTE, PASSA
COMO APRESSADA É A VIDA
HÁ QUEM VAGAROSAMENTE, PASSA
DESFRUTANDO O TEMPO CORRIDO
A PORTA CONTINUA ALI
INTACTA E GASTA, NÃO PELA IDADE, MAS PELA SUA FEITURA
PELA FUNÇÃO QUE EXERCE NO UNIVERSO
ORA ABRE CAMINHOS
ORA FECHA... ESTRADAS DA VIDA...
E PERMANECE SÁBIA
DEIXA A LIÇÃO: QUEM BATE À PORTA, ELA ABRE
ELA ESPERA QUE NÃO SE FIQUE, APENAS, PASSANDO POR ELA
COMO MERO PASSAGEIRO DO MUNDO
MAS QUE SE FOR PRECISO, ABRAMOS A PORTA E DEIXEMOS ENTRAR, VASCULHAR, PERMITIR E ORGANIZAR O CORAÇÃO PARA O AMOR
E QUE SEMPRE HAJA UMA FECHADURA DE CADEADOS ENORMES QUANDO POR ELA QUISER PENETRAR O ÓDIO, A INJUSTIÇA, A MALEDICÊNCIA, A
CRÍTICA E TODA ESPÉCIE DE SENTIMENTOS EGOÍSTAS E ORGULHOSOS.
OBRIGADA PORTA POR NOS ENSINAR QUÃO IMPORTANTE É A TUA FUNÇÃO AQUI, NA ESCOLA, NA CASA, NO MUNDO.
QUERO, TAMBÉM, SER PORTA.
PROFESSORA MARIA CRISTINA. 12/12/2013.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A ROSA QUE DESABROCHA


Quando a primavera da vida começa a partir
Ela chega a um desabrochar no jardim das ações
Seus sentimentos maduros e seguros
Encaminham pensamentos e afirmações.
Quando a rosa da alegria e da fé
Chega ao crepúsculo do caminho
Ela decide ser quem é
Mulher que sabe seu caminho e como percorrê-lo.
Quando as tempestades chegam
Esta jovem senhora não se amedronta
Enfrenta a turbulência e incerteza
Com bravura e paciência.
Quando as sombras das possibilidades
Paralisam  seus passos
Sua mente viaja pela certeza da crença
Pela segurança das mãos de Jesus.
Quando o próximo não tão próximo assim
Traz o veneno da crítica e a injusta ação
Ela silencia com a doçura do caminho
Acalentado e protegido pelo Criador.
Minha alma a ti sorri
Por saber aprender contigo
Meus passos silenciam
Por admirar-te.
DUCI MEDEIROS


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

ELA

Ela é uma pessoa de dentro pra fora
Sua essência está queimando na alma
Escorre como larva pelo olhar
Nos embriaga e confunde.

Ela corre com passadas serenas
Viaja pela velocidade do abrir de pétalas
Rompe os silêncios como trovão em tempestade
Nos aprisiona e silencia.

Ela senta no silêncio da busca
Amarga a dor das incertezas
Mas aceita a certeza da verdade
Nos encanta e afasta.

Ela agarra as emoções
Com a força da maré
Com a suavidade da brisa
Nos enternece e suaviza.

Ela é somente ela
Com a inconstância da vida
Com a verdade dos sonhos
Nos apaixona e liberta.

DUCI MEDEIROS

MORENA

Como uma jovem rosa a desabrochar
Ela vem com sua doçura a rebolar
Faz cara de dengo quando venho a falar
Em  pecado, desejo ou amar.

Esta morena
Com pele dourada a vicejar
Com negros cabelos a balançar
Com os lábios a se apertar.

Morena, sorria para a vida
Deixe a menina dormir
Desabroche como a rosa
A delicadeza da mulher.

Não chores morena
Deixe os lábios beijar a vida
Deixe o corpo acariciar os sonhos
Permita que a alma encontre a paixão.

Morena...Morena
Encontre o pecado na vida
Com a pureza de um anjo sapeca
Morena...Menina...Mulher.

DUCI MEDEIROS

HOJE

Hoje, gritei no silêncio
Chorei com lágrimas silenciosas
Amei a sombra de tua lembrança
Vivi a penumbra de uma emoção.

Hoje, a alegria da gargalhada
Morreu na garganta esmagada
Esmagada pela dor da tua ausência
Silenciada pela voz do desejo insaciado.

Hoje, não mais vi a aurora do teu olhar
Encantar minh'alma com doçura
Fazer viajar minha emoção
Pelo vulcão da paixão.

Hoje, não mais senti teu corpo
Aquecer e confortar o meu
O cheiro da paixão silenciou
A força do desejo não chegou.

Hoje, não mais você
O  semblante da agonia
Tomou conta de mim
O silêncio dos afetos me afogou.

Hoje, morro na ausência
De mim e da emoção
Sem você sou menos que lembrança
Sem você sou eterna criança.

Hoje, a mulher dormiu
Afogou as lágrimas
Esqueceu a paixão
Viveu de ilusão.

Hoje, nada...
Hoje sou esquecimento
Lembrança do que não existiu
Nada... sou hoje.
DUCI MEDEIROS

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

POETAS DA GRANDE ALVORADA

Na árida terra do imaginário
Brilha o sol da poesia
Sussura o uivo do ritmo cadenciado
Do sertão no Lauro vivenciado.

Ao poeta Marcos
Seguem os Passos da palavra
A alegria e simplicidade do verso
O som e aroma da terra no poema imerso.

Em momento de travessura Ésio
Faz nascer o repente de Rafael
Delineando o cordel dos sons
Com a musical cor dos tons. 

Enquanto isto Édison
Faz malabarismos com voz de Roberto
Criando poemas e cores
Mesmo no silêncio dos amores.

O alunado em silêncio suspira
Ante a lírica do sertão
Muito bem apresentada
Pelos poemas da grande alvorada.

Agradecemos ao sertão em primeira mão
Por nos dar os Passos da poesia
Pelo risonho Rafael com cordel
De repente pelo Roberto adocicado com mel.
DUCI MEDEIROS

domingo, 6 de outubro de 2013

O PRAZER DE ESTAR SÓ


O solitário é aquele que geralmente não se sente bem consigo mesmo. Busca constantemente preencher o vazio, os espaços, o silêncio de sua vida com qualquer coisa. Relaciona-se com qualquer um, desde que não seja imposto a ele estar "apenas consigo mesmo". Entretanto, o amor e o respeito a nós mesmos cria uma atmosfera propícia para identificarmos a nossa alma. E é justamente nos momentos de solidão, que também somos convidados a viajar pelos caminhos do nosso mundo interior e buscar nossas respostas. A solidão vem da importância exagerada que damos ao outro. Quanto mais dependemos do outro, mais nos maltratamos e quanto mais intensificamos o diálogo com o nosso coração, mais sensações boas atraímos para nossa vida. Quando estamos bem com a nossa companhia, atraímos pessoas sinceras e que realmente gostam de estar com a gente, porque emanamos vibrações de alguém que realmente se ama. Como podemos atrair pessoas boas e afetuosas quando estamos em vibração de dependência? Colocar o fim da solidão no outro, é tornar-se eternamente um solitário. Quando temos a crença na "falta", a vida vai nos podando de todas as companhias, até que aprendamos a gostar da gente mesmo. "...buscam no retiro a tranquilidade que certos trabalhos reclama... Isso não é retraimento absoluto do egoísta. Esses não se insulam da sociedade, porquanto para elas trabalham..." Somente no recanto meditativo poderemos interpretar e cultivar os interesses de nosso santuário íntimo.... Somente vivenciando a satisfação, o êxtase e o prazer de nossa própria companhia é que desfrutaremos do verdadeiro sentido de não precisar, e sim querer estar com o outro. "Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestuosas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite...".
DUCI MEDEIROS

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

AME INTENSAMENTE E VIVA PLENAMENTE

Wenia Alves, a ti cedo meu espaço, faço minhas as tuas palavras e, principalmente, contribuo para que esta alma se expresse e grite alto o seu valor.

"Viver...
É Estar na vida sem pensar no amanhã.
É andar e correr,
Sorrir e chorar,
Sonhar e realizar.
É amar sem perceber
Cantar, dançar e de tudo desfrutar
De tudo que a vida tem para dar.
Amar...
Amar é viver sem perceber
É lutar sem medo de perder
É sonhar, querer e fazer
Para seu sonho em sua vida, viver.
Amar é assim...
Ter atitude!
Para muitos sem sentido
Mas para quem acredita
Amar é simplesmente Amar
A si e ao outro
Com a mesma intensidade.
E a mais pura verdade.
Ame intensamente
E viva plenamente."
Wenia Alves

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CONTRADIGO A MIM MESMA PORQUE SOU VASTA



Esta manhã, antes do alvorecer, saí a varanda para admirar o céu colorido e vasto e disse à minha alma: Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos? E minha alma respondeu: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho.
É assim que me sinto a cada descoberta, como se estivesse dentro de um buraco negro que me consome e esvazia a cada preenchimento de saber. Como bem disse Sócrates “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”. Mas por que será que não me sinto com vantagem alguma, pois parece que quem nada sabe é mais leve, menos compromissado com a vida, suavemente ignorante das consequências dos atos e pensamentos.
Quem disse que o descontentamento é o primeiro passo para a evolução de um homem não sabe o que estava dizendo, pois vivo descontente com o que sei, com o que vivo e sempre em busca de algo mais e sinto-me como se a evolução estivesse a anos luz de mim.
Quando eu era jovem pensava que o conhecimento era a coisa mais importante do mundo, hoje estou particularmente propensa a achar que a ignorância é que é a coisa mais importante do mundo, pois faz com que a criança ignore o perigo e siga a intuição em busca do desconhecido, esqueça a realidade e busque as respostas para as pequenas perguntas e, principalmente despreze as verdades professadas e procure descobrir os pequenos mistérios do mundo (que na verdade são as maiores e mais complexas verdades, pois a sabedoria vive na simplicidade).
Lembro de ir trabalhar porque a abelha atarefada não tem tempo para a tristeza, sigo aos afazeres cotidianos e esqueço os mistérios da alma, pois sinto que se eu persistir na louca busca das verdades posso tornar-me sensata e viver só da matéria. Mas sei que não seria capaz de esquecer os mistérios da vida, as agruras da busca espiritual e as conquistas dos pequenos erros, pois eles são os portais das grandes descobertas.
Alvorecer, tu fizeste que eu confessasse os pavores que tenho, mas vou dizer-te calidamente que não me apavoras, não tenho medo de estar sozinha, de esquecer o caminho, nem de lembrar somente dos erros, pois não tenho medo de cometer erros, um erro é uma alegria que nos precipita no abismo da aprendizagem sobre nós mesmos.
Quem não souber povoar a sua solidão com a imaginação não pode ser chamado de poeta, pois só é solitário o homem que não tem coragem de conhecer seus múltiplos eus.
DUCI MEDEIROS

ANDORINHA DA FÉ



SOU A ANDORINHA DA FÉ
VOANDO NA SOLIDÃO
ENCONTRANDO NA LUZ
A ETERNA GRATIDÃO.

SOU O CORPO DAS INCERTEZAS
VAGANDO NA MULTIDÃO
ENCONTRANDO NA DEUSA
A ETERNA HUMANIZAÇÃO.

SOU A ÁGUA DA MUTAÇÃO
VIAJANDO NO CONHECIMENTO
ENCONTRANDO NA LUA
A ETERNA LEI DO RETORNO.

SOU A FLUIDEZ DA MAGIA
VENDO NA NATUREZA
O ENCONTRO DA  LUZ E DA DEUSA
NO ETERNO CICLO DA VIDA.

A CADA PALAVRA - O SILÊNCIO
A CADA SILÊNCIO - UM SABER
A CADA SABER - UMA LUZ
A CADA LUZ - UMA MUDANÇA.

SOU A PALAVRA
REPRESENTO O SILÊNCIO
VISUALIZO O SABER
A CADA INSTANTE DE VIDA
SOU AGENTE DA MUDANÇA. 

DUCI MEDEIROS

PROFESSOR! DÓI, O SILÊNCIO QUE TU FAZES




 PROFESSOR! DÓI, O SILÊNCIO QUE TU FAZES
Professor, a mordaça está se alargando.
Ao teu corpo se arredando.
A rotina de sala, caderneta, ida e vinda.
A tua voz é calada e quando incontida se rompe
O teu ouvinte é surdo e ignora o eco das harpas sem cordas.
Os alunos atordoados foram toldados como os mestres.
Toldados de turmas, horários, conteúdos e oportunidades.

Professor, o teu silêncio é uma carícia na face do predador.
O coração dos alunos e a memória da categoria são carne sangrando.
Sangra também a esperança de mudança e união.
É hora de atitudes, vozes ecoando e passos se unindo,
Mas tu calas.

Dói professor, vê tua inércia 
Teu carrasco se alonga, ganha espaço
Tua alma é caverna da dor e do silêncio.
E os sonhos, mestre, são tristes enganos,
Adormecem em salas lotadas.
Bolsos vazios e almas lacrimejantes.

O abandono dos valores, respeito e direitos.
As ruínas que sobram como resultado da profissão.
São sombras e poeira ao vento do esquecimento.
Assim como a vontade de seguir professorando.

O eleito pelo povo silencia a voz dos mestres.
Amordaça sua energia e vontade laboral.
Com uma lágrima vergando a face.
Um silenciar de desejos e anseios
O professor, que deixa atingir tua alma, teu bolso e tua dignidade.
Silencia e cala fundo. Cala professor!
Dói, o silêncio que tu fazes....
DUCI MEDEIROS

sábado, 7 de setembro de 2013

ESCULPINDO DESTINO



Pelas horas da madrugada, quando o silêncio do vento toca a escuridão dos pensamentos venho encontrar uma inquieta e persistente ideia. Ideia esta que implica em se aprofundar e chafurdar em busca de argumentos e justificativas para sua existência.  Você me indaga qual ideia é esta que se agiganta dentro de meu ser impedindo-me de trabalhar em meus textos pela madrugada adentro como de costume. Entre as palavras do direito tributário da tese de doutorado que reviso e as pesquisas sobre a cultura italiana a respeito da linguística textual para a tradução do artigo científico, surge e agita-se em minha mente a ideia de esculpir meu destino em forma de escolhas diferentes.
Desde minha tenra infância e adolescência venho investindo nas escolhas do estudo e do trabalho honesto e muitas foram as conquistas que estas escolhas foram trazendo para o meu cotidiano e das pessoas que me cercam. No entanto, sinto que algumas delas fazem com que eu seja cercada pelo trabalho solitário diante do computador e das páginas dos livros. Preciso esculpir meu destino por escolhas que tragam braços e sorrisos pelas minhas madrugadas.  
O questionamento é sobre minha necessidade de ser solitária, de trabalhar e estudar. De ser tão independente que invariavelmente afasto as pessoas do meu convívio. A quem interessaria saber que afasto aqueles que amo, que sei que podem conviver com pessoas menos compromissadas com sua jornada particular, mais abertas às frivolidades da vida, ao risco dos afetos simplórios do cotidiano.
 Cresci entre a labuta e os estudos e por vezes neguei a mim mesma as palhaçadas e infantilidades próprias da infância e aos tropeços e brincadeiras da juventude. Somos o que fazemos o tempo todo e nossas escolhas acabam por esculpir o nosso destino. Preciso esculpir um destino mais leve como o vento, suave como as pétalas das flores silvestres. Preciso aceitar o teu carinho como a areia da praia aceita entregue, a doce carícia das águas do mar.
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, aquelas que se ajustam perfeitamente ao nosso corpo, que nos levam confiantes onde sabemos que devemos ir. Devemos abandonar nossos caminhos confiáveis e nos aventurar pelo desconhecido, tanto por emoções inusitadas da aceitação da dependência do outro quanto à aceitação da confiança nos sentimentos alheios. É o tempo da travessia, de largar a estrada confiante da solidão e independência para a margem incerta de compartilhar os momentos e a vida com alguém? Mas resisto em ousar fazê-lo, tenho ficado à margem de mim mesma.
 “O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove”. Como devo esculpir meu destino? devo aceitar compartilhá-lo com você ou seguir pela estrada segura e confiante de minha solidão?
DUCI MEDEIROS