sábado, 13 de julho de 2013

CLARICE E EU




Ainda na alfabetização da escrita, apaixonei-me por Clarice
Não apenas por seus textos, mas por sua visceral necessidade de escrever
Sua paixão pelo silêncio e sua intimidade com as palavras.

Clarice ordena: “renda-se, como eu me rendi”
Eu luto com a vida em uma guerrilha contínua
Fazemos uso de várias armas e estivemos em vários lados
Fomos adversárias, parceiras, comandadas e comandantes.

Clarice pede: “mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei”
Eu respiro o desconhecido, sou sua amante insaciável,
Ele me alimenta e me anula em uma espiral de sensações.
Mergulho em seus labirintos a fim de me encontrar.

Clarice avisa: “Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer  entendimento”
Eu sei que nunca vou entender
Porque não busco respostas, aprendo a perguntar.
E neste abandono ao não saber eu aprendo e ensino a procurar.

Ainda soletrando a poesia, odiei a narrativa de Clarice
Não apenas sua incompletude, mas sua virginal complexidade.
Seu amor pelos sentidos e sua proximidade com minha alma.

DUCI MEDEIROS

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