sábado, 7 de setembro de 2013

ESCULPINDO DESTINO



Pelas horas da madrugada, quando o silêncio do vento toca a escuridão dos pensamentos venho encontrar uma inquieta e persistente ideia. Ideia esta que implica em se aprofundar e chafurdar em busca de argumentos e justificativas para sua existência.  Você me indaga qual ideia é esta que se agiganta dentro de meu ser impedindo-me de trabalhar em meus textos pela madrugada adentro como de costume. Entre as palavras do direito tributário da tese de doutorado que reviso e as pesquisas sobre a cultura italiana a respeito da linguística textual para a tradução do artigo científico, surge e agita-se em minha mente a ideia de esculpir meu destino em forma de escolhas diferentes.
Desde minha tenra infância e adolescência venho investindo nas escolhas do estudo e do trabalho honesto e muitas foram as conquistas que estas escolhas foram trazendo para o meu cotidiano e das pessoas que me cercam. No entanto, sinto que algumas delas fazem com que eu seja cercada pelo trabalho solitário diante do computador e das páginas dos livros. Preciso esculpir meu destino por escolhas que tragam braços e sorrisos pelas minhas madrugadas.  
O questionamento é sobre minha necessidade de ser solitária, de trabalhar e estudar. De ser tão independente que invariavelmente afasto as pessoas do meu convívio. A quem interessaria saber que afasto aqueles que amo, que sei que podem conviver com pessoas menos compromissadas com sua jornada particular, mais abertas às frivolidades da vida, ao risco dos afetos simplórios do cotidiano.
 Cresci entre a labuta e os estudos e por vezes neguei a mim mesma as palhaçadas e infantilidades próprias da infância e aos tropeços e brincadeiras da juventude. Somos o que fazemos o tempo todo e nossas escolhas acabam por esculpir o nosso destino. Preciso esculpir um destino mais leve como o vento, suave como as pétalas das flores silvestres. Preciso aceitar o teu carinho como a areia da praia aceita entregue, a doce carícia das águas do mar.
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, aquelas que se ajustam perfeitamente ao nosso corpo, que nos levam confiantes onde sabemos que devemos ir. Devemos abandonar nossos caminhos confiáveis e nos aventurar pelo desconhecido, tanto por emoções inusitadas da aceitação da dependência do outro quanto à aceitação da confiança nos sentimentos alheios. É o tempo da travessia, de largar a estrada confiante da solidão e independência para a margem incerta de compartilhar os momentos e a vida com alguém? Mas resisto em ousar fazê-lo, tenho ficado à margem de mim mesma.
 “O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove”. Como devo esculpir meu destino? devo aceitar compartilhá-lo com você ou seguir pela estrada segura e confiante de minha solidão?
DUCI MEDEIROS

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