terça-feira, 1 de janeiro de 2013

MERGULHO NA GEOGRAFIA INTERNA

Na trilha do seu mundo interior buscando desvendar o ser verdadeiro que se oculta sob o veu das aparências, o homem incursa pelos meandros do inconsciente, percorrendo roteiros ocultos do seu mundo interior.
Vai aos países recônditos das suas profundas experiências, descobrindo os picos da sua insensatez, os perigosos despenhadeiros do seu orgulho e mares de angústia.
Desvendando as imensas florestas dos seus instintos, as catedrais dos seus sentimentos, as imensuráveis cachoeiras de suas revoltas, os grandes desertos de suas frustrações, seus imensos lagos de dúvidas ou seus belos monumentos de possibilidades, este viajante segue ao longo de sua desconhecida geografia interna, a cada passo uma surpresa, a cada momento se descortina uma nova paisagem, cheia de inéditos caminhos que apontam seu eu verdadeiro.
Nada está previsto, nenhum programa está traçado na via do mundo interior e nunca se sabe ao certo o que vai encontrar, se cidadelas de esperança ou metrópoles de desespero.
Podem se deparar com pontes intermináveis que conduzirão ao centro do ser ou com obstáculos imensos que sobrecarregam a difícil caminhada,outras vezes com atalhos que podem antecipar a chegada.
Esta incursão meticulosa e lenta requer muita cautela porque tem rotas que podem precipitar os caminhantes em abismos sem retorno, nas cavernas escuras do inconsciente.
Nesta viagem tudo é surpreendente.
Muitas vezes há uma interrupção na jornada interior, pois nem sempre o viajante está disposto a ir mais além, fica margeando o grande rio com receio de mergulhar fundo.
A senda do mundo interior não é fácil, a viagem exige coragem, pois a maior distância que existe é aquela que separa a criatura de si mesma.
O viajante, muitas vezes, não está disposto a pagar o preço do monumental espetáculo da verdade, pois ainda considera útil o véu da "ignorância" que lhe ofusca a visão da luz interior. Eles acabam adiando o grande encontro por ignorar que o encontro consigo mesmo é o porto seguro para sua libertação.
Desconhecendo sua verdadeira natureza, o viajante sofre os desvios da vereda da sua caminhada, aqui e ali, ele repousa nas ilhas solitárias do seu país interno. Ignorando que precisa transcender as fronteiras da sua autoestima para entrever as regiões esquecidas, ocultadas pelo medo de deparar-se com sua única realidade.
Na serena contemplação do fluxo constante das ondas por onde passeia a essência do seu verdadeiro ser, o viajante recua ante o espetáculo da "destruição" que deixa em aberto todas as faces ocultas. Destruição esta que derruba todas as máscaras  que o homem ergue para disfarçar sua fragilidade diante do mundo e para esconder de si mesmo os recônditos de seu ser.
Quando o homem se vê violentamente privado do direito de se esconder de si mesmo, sua face é refletida ante seu olhar espantado, sua autoconfiança é ulcerada pelo medo, pela insegurança, pela fragilidade de se vê exposto a si mesmo.
Em verdade, a inviolável sombra com que o homem permeia a essência de seu ser difere das paredes de concreto que ele edifica em torno de si, pois afastar o mundo de si é bem mais difícil que construir um abismo entre seu olhar contemplativo e seu eu essencial. Muito embora seja mais fácil desmoronar o muro de concreto do que abrir os olhos para enxergar a si mesmo.
Duci Medeiros

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