segunda-feira, 13 de maio de 2013

CONVERSA MACABRA

          Hoje, ao por do sol quando as luzes solares ensombreciam pelo tempo e pela neblina minha  consciência fugia suavemente, meu corpo inébrio a balançar na rede e a mente a divagar entre sonho e realidade.
           Uma voz insistente em minha mente chama minha atenção, dialoga com a incerteza da razão e da loucura e possibilita a vagueza do silêncio entre as palavras. Na intrépida necessidade de falar, a mente observa o que foi dito, com a ânsia da resposta e a construção do pensamento, escuto, observo e analiso o que foi dito. Mas quem fala? qual origem destas palavras que parecem tão familiares a alma?
            No processo de análise do real e imaginário que faz parte da personalidade de toda escritora, ouço as engrenagens de meu cérebro trabalharem e encontro, de um lado a certeza do sonho e, de outro o jogo da realidade. Nesta balança vence a curiosidade sobre a familiaridade das palavras e o reconhecimento dos sentidos que são, meio que confirmados pelo entrever da resposta. O que escuto?
            Escuto a voz da morte a dialogar sobre a certeza e as razões da vida, entrevejo o diálogo de meu cérebro racional e de minha alma emocional. Neste jogo de pega-pega, de fuga e busca, vence o encontro com a verdade da consciência.
            A voz que fala não é minha, é da inébrio sombra da indísível, uma certa figura que fica a espreita da vida em busca das almas que partem ou, em inusitada reflexão, pensam na partida. O solilóquio que se segue é meio que irreal. converso com a morte sobre as razões da vida, da minha, da tua e de todos os que sofrem e sabem que há lugares, espaços, tempos em que as almas não mais sentem, não mais agonizam nas incertezas da vida.
            Esta conversa com o Silêncio, com o caminho certo e inevitável da vida, parece uma dialética infinita e imprecisa que a mente curiosa realiza em momentos solitários. A aproximação do aniversário da vida nos aproxima do caminho certo da morte.
       Que incomuns palavras escuto, que jogo travesso de palavras falo, parece um diálogo entre a consciência e a escuridão, mas não uma escuridão que existe no anjo do mal, nem a escuridão pela ausência da luz divina, mas sim a escuridão da ignorância humana.
           É o que os anos fazem conosco, nos lembram o fim. O espelho reflete as rugas do tempo perdido, as cicatrizes que os caminhos deixaram no corpo. As lembranças nos cobram os erros e os anos nos mostram a finitude.
           Escuto o verbo do fim, a palavra final da vida e, sinto que meus passos me encaminham para o outro lado. Não agora! diz a voz em minha alma, mas a inevitabilidade do silêncio de minha alma traz um sorriso em meus lábios, um pulsar do sangue nas veias, um bater da máquina da vida, despertar da consciência da racionalidade, pois a morte certa traz a consciência da vida em meu corpo e do - nada a fazer - na alma.

DUCI MEDEIROS
             
             


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