sexta-feira, 17 de maio de 2013

PROFESSOR - O TEU SILÊNCIO





PROFESSOR - O TEU SILÊNCIO

Professor, o teu silêncio secou teu olhar para a aurora.
Ao teu alheamento ergueu-se a saudade dos sussurros.
A catedral de silêncios é a própria sombra do momento, criado para te calar.
A tua voz é viúva e o tédio do teu silêncio abriga os horizontes da dor.
O teu riso professor é o eco das harpas sem cordas.
Os alunos foram cúmplice do teu calar,
mas não são acusados pelo teu eterno silenciar.

Professor, o teu silêncio é uma nau perdida em um mar de dor e solidão.
O coração dos alunos é uma âncora para esta voz surda e pálida.
É hora de assombros, no teu céu interior.
Tua alma é caverna onde as emoções são talhadas em mármore frio.
E os sonhos, professor, são tristes enganos, adormecem em leitos de dor.
O palácio das angústias é tua alma, pálida hora do sussurro.

Dói, mestre, ver o abandono dos sorrisos cristalinos e a angústia da voz cortada pelo olhar de dor.
As ruínas que abrigam tua alma é irmã daquela que acolhe tua voz.
És náufrago de um mar de dor.
Poeira ao vento do esquecimento.

Professor, um olhar furtivo e caridoso acolhe todo timbre e alegria da tua voz,
Enquanto um mar de lágrimas abriga toda tua dor.
Querem te silenciar, assim como querem teu esquecimento.

Os eleitos pelo povo silenciam a voz dos mestres.
Obra sublime, venceram décadas de ditadura.
Com um silenciar insistente e amplo.
Silenciar, que atinge tua alma, teu bolso e tua dignidade.
Eles profetizam: cala-te professor!
O silêncio se faz.... Até quando?

Poetisa e docente:DUCI MEDEIROS
Figura: O silencio de Henry Fuseli

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