PROFESSOR - O TEU SILÊNCIO
Professor, o teu silêncio secou teu olhar para a aurora.
Ao teu alheamento ergueu-se a saudade dos sussurros.
A catedral de silêncios é a própria sombra do momento, criado para te calar.
A tua voz é viúva e o tédio do teu silêncio abriga os horizontes da dor.
O teu riso professor é o eco das harpas sem cordas.
Os alunos foram cúmplice do teu calar,
mas não são acusados pelo teu eterno silenciar.
Professor, o teu silêncio é uma nau perdida em um mar de dor e solidão.
O coração dos alunos é uma âncora para esta voz surda e pálida.
É hora de assombros, no teu céu interior.
Tua alma é caverna onde as emoções são talhadas em mármore frio.
E os sonhos, professor, são tristes enganos, adormecem em leitos de dor.
O palácio das angústias é tua alma, pálida hora do sussurro.
Dói, mestre, ver o abandono dos sorrisos cristalinos e a angústia da voz cortada pelo olhar de dor.
As ruínas que abrigam tua alma é irmã daquela que acolhe tua voz.
És náufrago de um mar de dor.
Poeira ao vento do esquecimento.
Professor, um olhar furtivo e caridoso acolhe todo timbre e alegria da tua voz,
Enquanto um mar de lágrimas abriga toda tua dor.
Enquanto um mar de lágrimas abriga toda tua dor.
Querem te silenciar, assim como querem teu esquecimento.
Os eleitos pelo povo silenciam a voz dos mestres.
Obra sublime, venceram décadas de ditadura.
Com um silenciar insistente e amplo.
Silenciar, que atinge tua alma, teu bolso e tua dignidade.
Eles profetizam: cala-te professor!
O silêncio se faz.... Até quando?
Poetisa e docente:DUCI MEDEIROS
Figura: O silencio de Henry Fuseli
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