terça-feira, 21 de maio de 2013

MERGULHO NA GEOGRAFIA INTERNA



Na trilha do seu  mundo interior
Buscando desvendar o ser verdadeiro
Que se oculta  sob o véu das aparências,
O homem anda pelos meandros do inconsciente
Percorrendo roteiros ocultos do seu mundo interior.

Vai aos países recônditos das suas profundas experiências,
Descobrindo os picos da sua insensatez,
Os perigosos despenhadeiros do seu orgulho,
Os seus mares de angústia,
Desvendando as imensas florestas dos seus instintos,
As grandes catedrais dos seus sentimentos,
As imensuráveis cachoeiras de suas revoltas,
Os grandes desertos de suas frustrações,
Seus imensos lagos de dúvidas
Ou seus belos monumentos de possibilidades.

Esse viajante segue ao longo de sua geografia interna,
A cada passo uma surpresa,
A cada momento se descortina uma nova paisagem,
Cheia de inéditos caminhos
Que apontam seu eu verdadeiro
E explicam sua autêntica essência.

Nada está previsto,
Nenhum programa está traçado na via do mundo interior
E nunca se sabe ao certo o que vai encontrar,
Se cidadelas de esperanças ou metrópoles de desespero.
Podem se deparar com pontes intermináveis
Que conduzirão ao centro do ser,
Outras vezes são atalhos que podem antecipar a chegada,
Outras, são obstáculos imensos que sobrecarregam a difícil caminhada.

Este caminho meticuloso e lento
Requer cautela porque possui rotas que podem precipitar
Os caminhantes em abismos sem retorno,
Nas cavernas escuras do subterrâneo do inconsciente.
Nesta viagem, há interrupção na jornada interior,
Pois nem sempre o viajante está disposto a ir mais além,
Fica margeando o grande rio
Com receios de mergulhar fundo.

A caminhada ao mundo interior não é fácil
A viagem exige coragem,
Pois a maior distância que existe,
É aquela que separa a criatura de si mesma
E o viajante, muitas vezes, não pode pagar o preço
Do monumental espetáculo da verdade,
E ainda é útil o véu da “ignorância”
Que lhe ofusca a visão da luz.
Acabam adiando o grande encontro
Por ignorar que o encontro consigo mesmo
É o porto seguro para sua libertação.

Desconhecendo sua verdadeira natureza
O viajante sofre os desvios da vereda da sua caminhada.
Aqui e ali, ele repousa nas ilhas solitárias do seu país interno.
Ignorando que precisa transcender as fronteiras da sua autoestima
Para entrever as regiões esquecidas, ocultadas pelo medo
De deparar-se com sua única realidade.

Na serena contemplação do fluxo constante das ondas por onde passeia
A essência do seu verdadeiro ser,
O viajante recua ante o espetáculo da “destruição”
 Que deixa em aberto todas as faces ocultas.
Destruição esta que derruba todas as máscaras
Que o homem ergue para disfarçar sua fragilidade
Diante do mundo e para esconder de si mesmo os recônditos de seu ser.

Quando o homem se vê violentamente privado do direito de se esconder de si,
Sua face é refletida ante seu olhar espantado,
Sua autoconfiança é ulcerada pelo medo,
Pela insegurança, pela fragilidade de se ver exposta a si mesma.
Em verdade, a inviolável sombra em que o homem
Permeia a essência de seu ser difere
Das paredes de concreto que ele edifica em torno de si.
Pois, afastar o mundo de si é bem mais difícil
Que construir um abismo entre seu olhar contemplativo e seu eu essencial.
Muito embora seja mais fácil desmoronar o muro de concreto
Do que abrir os olhos para enxergar a si mesmo.
DUCI  MEDEIROS

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