Na
trilha do seu mundo interior
Buscando
desvendar o ser verdadeiro
Que se
oculta sob o véu das aparências,
O homem
anda pelos meandros do inconsciente
Percorrendo
roteiros ocultos do seu mundo interior.
Vai aos
países recônditos das suas profundas experiências,
Descobrindo
os picos da sua insensatez,
Os
perigosos despenhadeiros do seu orgulho,
Os seus
mares de angústia,
Desvendando
as imensas florestas dos seus instintos,
As
grandes catedrais dos seus sentimentos,
As
imensuráveis cachoeiras de suas revoltas,
Os
grandes desertos de suas frustrações,
Seus
imensos lagos de dúvidas
Ou seus
belos monumentos de possibilidades.
Esse
viajante segue ao longo de sua geografia interna,
A cada
passo uma surpresa,
A cada
momento se descortina uma nova paisagem,
Cheia
de inéditos caminhos
Que
apontam seu eu verdadeiro
E
explicam sua autêntica essência.
Nada
está previsto,
Nenhum
programa está traçado na via do mundo interior
E nunca
se sabe ao certo o que vai encontrar,
Se
cidadelas de esperanças ou metrópoles de desespero.
Podem
se deparar com pontes intermináveis
Que
conduzirão ao centro do ser,
Outras
vezes são atalhos que podem antecipar a chegada,
Outras,
são obstáculos imensos que sobrecarregam a difícil caminhada.
Este
caminho meticuloso e lento
Requer
cautela porque possui rotas que podem precipitar
Os
caminhantes em abismos sem retorno,
Nas
cavernas escuras do subterrâneo do inconsciente.
Nesta
viagem, há interrupção na jornada interior,
Pois
nem sempre o viajante está disposto a ir mais além,
Fica
margeando o grande rio
Com
receios de mergulhar fundo.
A
caminhada ao mundo interior não é fácil
A
viagem exige coragem,
Pois a
maior distância que existe,
É
aquela que separa a criatura de si mesma
E o
viajante, muitas vezes, não pode pagar o preço
Do
monumental espetáculo da verdade,
E ainda
é útil o véu da “ignorância”
Que lhe
ofusca a visão da luz.
Acabam
adiando o grande encontro
Por
ignorar que o encontro consigo mesmo
É o
porto seguro para sua libertação.
Desconhecendo
sua verdadeira natureza
O
viajante sofre os desvios da vereda da sua caminhada.
Aqui e
ali, ele repousa nas ilhas solitárias do seu país interno.
Ignorando
que precisa transcender as fronteiras da sua autoestima
Para
entrever as regiões esquecidas, ocultadas pelo medo
De
deparar-se com sua única realidade.
Na
serena contemplação do fluxo constante das ondas por onde passeia
A essência
do seu verdadeiro ser,
O
viajante recua ante o espetáculo da “destruição”
Que deixa em aberto todas as faces ocultas.
Destruição
esta que derruba todas as máscaras
Que o
homem ergue para disfarçar sua fragilidade
Diante do
mundo e para esconder de si mesmo os recônditos de seu ser.
Quando
o homem se vê violentamente privado do direito de se esconder de si,
Sua
face é refletida ante seu olhar espantado,
Sua autoconfiança
é ulcerada pelo medo,
Pela
insegurança, pela fragilidade de se ver exposta a si mesma.
Em
verdade, a inviolável sombra em que o homem
Permeia
a essência de seu ser difere
Das
paredes de concreto que ele edifica em torno de si.
Pois,
afastar o mundo de si é bem mais difícil
Que
construir um abismo entre seu olhar contemplativo e seu eu essencial.
Muito
embora seja mais fácil desmoronar o muro de concreto
Do que
abrir os olhos para enxergar a si mesmo.
DUCI MEDEIROS
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